Dividindo as dúvidas e os conhecimentos

Novidades no blog
Como não só médicos, mas outros profissionais de saúde estão envolvidos no tratamento dos pacientes portadores de HIV/AIDS, formalmente estão sendo convidados a participar das discussões, enviar casos e dúvidas. Para enviar um caso ou uma dúvida, clique no final de um caso, em comentário, mesmo que não seja diretamente relacionado a ele. Será visto pela adminstradora do blog e será publicado. Se não tiver uma identidade das listadas, publique como anônimo.

Ao publicar este blog minha intenção é criar uma rede de médicos que, por meio da discussão de casos clínicos, possam atender ainda melhor seus pacientes. As dúvidas também podem ser transformadas em situações hipotéticas sobre as quais poderemos debater. Todos os interessados são bem vindos.

30/05/10 Alteração nas postagens:
Ao criar o novo nome para o nosso blog, tive que passar todos os comentários do antigo para cá e por vezes errei, colei 2 vezes ou em lugar errado e tive que apagar. É por isso que está aparecendo que algumas postagens foram excluídas por mim. Pior: não consegui copiar os seguidores para este blog.
Desculpa, mas sou uma blogueira iniciante e errante.
Tânia

GRUPO, PODE HAVER UMA INCOMPATIBILIDADE DO BLOGGER COM INTERNET EXPLORER. CASO VOCÊ TENHA PROBLEMA PODE INSTALAR O FIREFOX OU O GOOGLE CHROME. LIMKS PARA INSTALAÇÃO: http://br.mozdev.org/download/ www.google.com/chrome/eula.html?hl=pt-BR

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Caso 72- masculino, 31 anos, dependente químico, dificuldade de adesão a TARV

Motivo da discussão:
1- Que esquema ARV você sugeriria para este paciente?
2- Que medidas poderia sugerir para melhorar a adesão?

Caso:
Masc, 31 anos
HIV reativo desde 2008
Usuário de cocaína inalatória

HPP: Pneumocistose; Herpes Zoster; Candidose oral
Inicio TARV em  abril 2008  d4T-3TC-EFZ.
Evoluiu com depressão tratada com Paroxetina,Clonazepan
Abandonou  TARV 2008 -2010.
Dependente químico, referindo sempre adesão inadequada ao tratamento.

Voltou em 02/2010 e foi medicado com AZT+3TC+LPV/r.
Apresentou intolerancia ao LPV/r. Permanecia com CV detectável. Nesta ocasião informou que estava usando corretamente toda a medicação.
Genotipagem: Vírus do Subtipo B
Mutações Protease: 10I, 63P, 77I, 93L
Mutações TR:
ITRN: 214F
ITRNN: 103N
Interpretação : Resistência completa EFV e NVP

CV de 09/2008 a 08/2011- variando entre 540 e 94000 cp/ml
CD4 de 09/2008 a 08/2011 -variando entre 23 e 148 /mm³

Trocado esquema para TDF + 3TC + LPV/r. 
Voltou a consulta referindo intolerância ao LPV/r que foi substituído por ATV/r.

Em Junho 2012 Internado  com TB pulmonar e Insuf. Renal- em uso de TDF + 3TC + ATV/r

CD4 7cel/mm³. 
Inciada hemodiálise e suspenso TARV. 
Assim que possível foi inciado ARV.





domingo, 11 de novembro de 2012

Caso 71- sexo masculino, 25 anos, PTI, virgem de TARV

Motivo da discussão:
Qual a melhor conduta terapêutica para um paciente HIV+ com PTI?

Jovem de 25 anos com diagnóstico sorológico de HIV recente. 
CD4 muito baixo (92 céls/mm3), carga viral ainda não disponível, assim como os demais exames de rotina.

Relatando que o diagnóstico de PTI foi feito em 2011 , e estava muito assustado por que foi falado que ele não pode tomar qualquer remédio sob risco de complicações pela PTI. 
Fazendo revisão rápida vi que a PTI pode ser pelo HIV, mas gostaria de saber de outras experiências, pois não acompanhei pacientes com essa manifestação até hoje. 
Aguardo outros exames e acrescento que ele tem exame físico sem alterações e está assintomático.

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Caso 70- homem, 45 anos, falha virológica, elevado grau de resistência


Motivo da discussão:

1- Paciente com elevado grau de resistência a ARV, em falha em esquema contendo RAL. Que exames seriam importantes neste momento para compor um esquema de resgate?

2- Se houver falha com RAL e/ou T20, que drogas poderia pensar em usar para compor um novo esquema?

45 anos, masc , em 1998 descobriu ser  HIV com quadro de Pneumocistose  e tuberculose. Tinha na ocasião : CD4= 61/mm3, CV 64.000 cp/ml. Foi medicado com RIP C/AZT+DDI e  posteriormente:

10/1998 D4T+ 3TC+ NFV 
07/1999 CD4= 456/mm3, CV= 19.000 cp/ml 
08/2001 D4T +DDI + NFV
08/01/2002 AZT+ DDI+ SQV/r
09/2002 CD4=406/mm3 CV 120.000 cp/ml
08/2002 CD4 310/mm3 (18%)  CV 890.000 cp/ml
09/2002 Apresentou quadro de histoplasmose disseminada
08/2004 DDI+ 3TC+ ATV/r
2005 CV 95.000 cp/ml
2006 genotipagem com resistência a vários antiretrovirais
04/2006 CD4 149/mm3
11/2006 Permanecia com AZT+ 3TC+ LPV/r   enquanto aguardava DRV e T-20 na justiça
02/2007 CD4 182 /mm3cv 22. 351 cp/ml
03/2007 Reativação da histoplasmose, depressão  e  tuberculose disseminada (AZT+3TC+ LPV/r  dose ajustada para RIP)
D4T+3TC+ LPV/r  ( pancitopenia com AZT) durante hospitalização
Alta CD4 314/mm3 CV 22350 cp/ml medicado com TDF + 3TC + LPV/r
Nunca atingiu supressão viral

02/10/2007 CD4 343/mm3 CV 660 cp/ml
03/2008 Genotipagem em uso de D4T+ 3TC+ TDF+ LPV/r
09/2008 AZT 3TC TDF EFV(S)  DRV/r (I)
06/2009 Fenovirtual:  sensibilidade TDF (I)  T20 (S) , resistência DRV (R).
Aguardava  RAL e apresentou elevação de TGP e TGO( itraconazol/ esteatose hepatica?), tem PCR negativo para HCV
Teste de tropismo = vírus R5. 

07/2009 TDF+ 3TC+ T20+ DRV/r+ RAL
07/2009 CD4 328 /mm3 e CV  indetectável  pela primeira vez
08/2009  TDF+ 3TC+ T20+ DRV/r+ RAL (no 30° dia faltou RAL na farmácia,) passou para→ TDF +3TC-

Apresentou  Sind de Fanconi(?)
TARV alterada para Biovir e DRV/r , TGP= 153 

TDF+ 3TC+ T20+ DRV/r+ RAL
06/2011 CD4 531/mm3 CV 814 cp/ml Engordou 20 kgs
03/2012 CD4 618 /mm3 CV 1714 cp/ml


quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Caso 69- Mulher, 21 anos, falha virológica, elevado grau de resistência, 19 células CD4



Motivo da discussão:
1- Que esquema de resgate poderia ser proposto para a paciente?
2- O que poderia ser feito para melhorar a adesão ao TARV?


Paciente, 21 anos, HIV por transmissão vertical.
Acompanhava na pediatria até os 18 anos.
Em 2008 fazia uso de 3TC+d4T+EFV+LPV/r. Não dispomos dos tratamentos prévios.
Em 12/2009 foi trocado esquema para 3TC+ABC+TDF+ATV/r quando foi transferida da pediatria para a Infectologia.
Uso irregular da medicação, tendo ficado grávida e por não uso correto a criança foi infectada pelo HIV.
Várias internações por diarréia sendo isolado Cicloesospora belli.
Em genotipagem realizada em 2010 apresentou:
Codons relacionados aos ITRN e ITRNN: M41L, K70E, V75I/M, K101P, K103N, M184V, H208Y, T215F
Códons relacionados aos IP: I15V, L19I, M36I
Foi prescrito: 3TC+TDF+FSP/r
Não apresentou indetecção da carga viral.
Refere que no momento faz uso regular.
Último CD4 = 19 celulas e CV = 185.662 cópias.
Feito nova genotipagem que mostrou:
Mutações Associadas ao ITRN: 41L 75M 184V 208Y 211K 214F 215F
Mutações Associadas ao ITRNN: 101P 103N
Outros Polimorfismos na Transcriptase Reversa: 39A 122K 123E 135V 162A/S 169D 173A 174K 200A 202V/I 207E 228H/R 245Q
Mutações Associadas a Resistência aos Inibidores da Protease: 13V 15V 20T 33F 35N 36I 41K 46L 50V 82I 89M/V
Outros Polimorfismos na Protease: 12M 19I 37N 57K 61N 63S 72T 73D
E agora? O que prescrever?

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Caso 68- Casal discordante, paciente índice com CD4 acima de 600 cél/mm3


Motivo da discussão:
  1. 1-      Está indicado tratamento ARV precoce? No caso de indicar TARV, que esquema proporia?
  2. 2-       O que devemos considerar ao tomar esta decisão? Prós e contras. 
  3. 3-      Está indicado PrEP para o parceiro HIV neg?
  4. 4-      O que devemos considerar ao tomar esta decisão: Prós e contras.


Casos:
Ela:
Primeira consulta em 24/05/12
27 anos, tem atividade sexual desde os 13 anos. Um parceiro fixo há 4 anos.
Informava hipertensão arterial na última gestação.

Ex usuária de maconha, cocaína, craque. Etilista durante mais de 5 anos, até há 4 anos atrás. Atualmente bebe no final de semana 1 garrafa e meia de cerveja. Tabagista de 20 cigarros/dia desde os 13 anos de idade.

Gesta 3 para 2. Um parto prematuro há 10 anos atrás (aos 17 anos de idade) - nasceu com 6 meses e ficou vivo por 3 meses. Último parto há 5 anos atrás.
.
Até há 5 anos atrás era anti HIV neg - fez pré-natal.
Primeiro anti HIV+ out/2011
Bx ganglionar: linfoadenopatia por HIV
PPD reator forte, em profilaxia para TB desde 03/12

Ao exame: PA 160x100. Peso: 81,3 IMC 31,76
Gengiva e dentes em nal estado de conservação, com inúmeras cáries.
Medicada com Losartana

Trouxe exames de 18/01/12 CD4 991- 39,21%   CD8 998 - 39,49%  CD4/CD8 0,99
HBsAg neg  Anti HBs neg VDRL neg  Anti HBc neg
Anti HCV neg

Só voltou a consulta em 16/10/12.  Iniciou, mas não aderiu ao uso do anti-hipertensivo. Informou que lhe causava cefaleia. PA: 160x120

Trouxe exames de 26/06/12 RT-PCR HIV 42347 cp/ml (4,63log) CD4 618- 34,3%  CD8 784- 43,5%  VDRL neg Perfil lipídico, G, HBAlc- normais
TC de tórax- compatível com enfisema pulmonar.

Medicada com Enalapril 20-20.

Ele:
Primeira consulta em 24/05/12
33 anos, hipertenso desde 2001.
Tabagista de 10 a 15 cigarros/dia desde os 26 anos. Bedidas: cerveja final de semana. Cachaça 1 dose 2 a 3 vezes/semana.
Drogas: maconha durante 3 anos- há 5 meses não fuma, crack durante 1 ano- não usa há 5 nos.
Atv. Sexual: tem atividade sexual desde os 16 anos. Cerca de  50 parceiras nos últimos 10 anos. A pareceira atual é anti HIV+.
Sexo desprotegido

Exame físico: PA 220x120. Restante sem anormalidades.

29/11/11 Anti HIV neg- teste rápido

26/06/12 Ecocardiograma - HVE concêntrica leve.
Medicado com Losartana 50-50 + Amlopipino 5 mg

Volta a consulta em 16/10/12 Uso irregular do antihipertensivo. PA  220x150. Apesar da orientação para fazer sexo protegido informou ainda ter mantido relação sexual desprotegida.

06/08/12 Col 185  HDL 27  LDL 111  Tg 234
HBsAg neg  Anti HBc +  Anti HBs + Anti HCV neg VDRL neg

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Caso 67- Masculino, 43 anos, falha terapêutica precoce


Motivo da discussão

1- Que razões podemos pensar em casos de falha precoce de TARV?
2- Que medidas tomar?


Caso: Masculino, 43 anos, etilista crônico , usuário de cocaína inalatória.
Em exame de rotina em jan/12 anti HIV+
Exame físico sem anormalidades, exceto por H.A. leve (140x90mmHg)
Eutrófico. Peso 79 kg.
Trouxe exames de Jan/12-
Ht 43,7%  Hb 14,7  Leuc 3120  0/0/0/0/1/46/33/20
Plaq 107000
Tg 141  Col 226  LDL 149  HDL 49  G 82
TGO 488  TGP 522  GGT 644  BT 1,2 BD 0,6
Amilase 82  Lipase 56
VDRL neg

Retornou a consulta um mês após. Relatava redução do consumo de álcool,
PPD- não reator
CD4 206- 20%  CD8 823-79%
CV 449040cp/ml (5,65log)
US de abdome: pâncreas discretamente heterogêneo. Restante normal.
TGO 82  TGP 116 

Medicado com TDF + 3TC + EFV

Três meses após o início da TARV
CD4 213- 23m5%  CD8 492- 54,4%  CD4/CD8 0,43
CV 185779 cp/ml (5,27log)

Foi solicitada genotipagem. O que esperar?

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Caso 66- masculino, 43 anos, falha imunológica em supressão virológica



Motivo da discussão:
1.      A que atribuir a queda de CD4 após anos de recuperação imunológica?
2.      Que medidas terapêuticas poderiam ser tomadas com o objetivo de tentar aumentar o CD4?

            Masculino, 43 anos, anti-HIV reator em JUL/1999, com critérios laboratoriais de SIDA já por ocasião do diagnóstico (CD4+ 69 cél/mm³ em NOV/1999). Anti-HIV não reator realizado em FEV/1999, quando apresentou Herpes Zoster. Nunca apresentou nenhuma doença definidora de SIDA.

Histórico de TARV:

·         15/DEZ/99: AZT + ddI + NVP à Início de TARV, com CD4+ 69/mm³ e CV 360.000 cp/ml; apresentou apenas uma CV < 80 cp/ml em MAI/00, seguida de 490 cp/ml em NOV/00 e 5.400 cp/ml em ABR/01.

·         05/JUL/01: d4T + 3TC + NFV à Troca por falha virológica (CD4+ 200/mm³ e CV 5.400 cp/ml); evoluiu com ótima resposta virológica após a troca do esquema, mantendo CV < limite mínimo desde então. As trocas subsequentes no esquema ARV se deram apenas por motivo de redução na toxicidade.

·         24/JUN/05: AZT/3TC + NFV à Paciente apresentando dislipidemia mista. Exames por ocasião da troca mostrando CD4+ 545/mm³ e CV < 80 cp/ml. Exames anteriores mostrando:


Data
CD4/CD8
CV cp/ml
Esquema ARV em uso/Observações
17/4/01
200 / 1086
5.400
Vinha em uso de AZT + ddI + NVP desde DEZ/99 à Trocado para d4T + 3TC + NFV em 05/JUL/01.
06/11/01
311 / 1308
1.200
d4T + 3TC + NFV
28/5/02
449 / 2000
-
d4T + 3TC + NFV
17/9/02
373 / 1722
< 80
d4T + 3TC + NFV
25/6/03
430 / 1422
-
d4T + 3TC + NFV
22/9/03
525 / 2000
< 80
d4T + 3TC + NFV
10/2/04
487 / 1759
< 80
d4T + 3TC + NFV
08/6/04
610 / 1452
< 80
d4T + 3TC + NFV
20/9/04
575 / 1728
< 80
d4T + 3TC + NFV
    16/5/05
545 / 1454
< 80
       d4T + 3TC + NFV à Esquema trocado para AZT/3TC + NFV em 24/JUN/05, por conta de dislipidemia mista.

A partir de JUN/05, quando o d4T foi substituído pelo AZT no esquema, o paciente começou a apresentar uma queda significativa na contagem de células CD4+. O Hemograma nunca mostrou sinais de toxicidade medular pelo AZT, com leucograma sempre na faixa de normalidade (4.000 – 10.000 leucócitos/mm³) e com percentual de linfócitos sempre acima de 30%.

Data
CD4 / CD8
CV cp/ml
TARV
Leucograma e % Linfócitos
05/09/05
426 / 
< 80
AZT/3TC/NFV
8.680/mm³ - 28% linfo (2.430/mm³)
06/12/05
223
230
AZT/3TC/NFV
7.680/mm³ - 36% linfo (2.764/mm³)
20/02/06
193
< 80
AZT/3TC/NFV
5.680/mm³ - 39% linfo (2.215/mm³)
18/04/06
142
< 80
AZT/3TC/NFV
6.940/mm³ - 39% linfo (2.706/mm³)


20/DEZ/07: TDF + 3TC + ATV-r à CD4+ 132 (6.9%) e CV < 400 cp/ml em OUT/07, pouco antes da troca de AZT por TDF. O paciente vem em uso deste esquema desde então, mas nenhuma melhora na contagem de células CD4+ foi observada. Por conta disso, teve de retornar o uso de SMZ-TMP profilático (3x/semana). Seus últimos exames de 06/SET/12 mostraram leucometria global de 7.400/mm³ (23% linfócitos – 1.702/mm³); CD4+ 129 cél/mm³ (7.6%) e CV < 40 cp/ml.

Este é um caso interessante, pois apesar do paciente já apresentar um dano imunológico significativo por ocasião de seu diagnóstico (CD4+ 69 cél/mm³ em 1999), ele ainda possuía uma ‘reserva histológica’ satisfatória, posto que após o início de TARV, seu CD4 chegou a 610 cél/mm³ em 2004. O problema todo, coincidentemente ou não, começou após a troca do d4T por AZT no esquema, quando então o CD4 começou a despencar. Mais curioso ainda foi o fato dos hemogramas seriados não mostrarem nenhum sinal de toxicidade medular em nenhuma das 3 linhagens sanguíneas (eritrócitos, leucócitos e plaquetas), o que poderia explicar uma possível mielotoxicidade pelo AZT, o que não foi o caso.

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Caso 65- feminina, 52 anos, falha virológica


Motivo da discussão:

1- Como interpretar os resultados de Genotipagem para N(t)RTI, NNRTI e IP quanto ao melhor esquema de resgate, com base nas diferentes interpretações dos principais algoritmos utilizados (RENAGENO x STANFORD);
2- Discutir as possíveis interações entre NNRTI e IP e RAL e IP.


Caso Clínico:
                Suponha que você seja um Médico de Referência em Genotipagem (MRG) e tenha recebido um resultado de uma paciente do sexo feminino com 52 anos de idade, anti-HIV+ desde 1999 (sem resultado de nadir de CD4+ ou detalhes da história médica).

                Histórico de TARV:
- Jul/1999 a Mar/2003: AZT + ddI à mantendo CV elevada
- Mar/2003 a 2007: AZT + ddI + NFV
- 2007: AZT/3TC + TDF + LPV/r à Esquema Atual
Último CD4+: 504/mm³ (24.7%); Penúltimo: 401/mm³ (21.2%)
Última CV: 9.006 cp/ml (3.75 log); CV imediatamente anterior ao esquema atual: 8.398 cp/ml (3.92 log); CV mais baixa durante o esquema ARV atual: 132 cp/ml (2.12 log)
                Não há dados quanto ao uso de medicações concomitantes (anti-hipertensivos, hipoglicemiantes, hipolipemiantes etc).
                Como você orientaria o esquema ARV de resgate desta paciente? Considerando que sua CV atual é a mesma da pré-tratamento com o esquema vigente (possibilidade da paciente não estar tomando os ARV), você acha que neste momento valeria apenas reforçar e acompanhar a adesão, sem alterar a TARV em uso? Por quê?        

Postado agora, 23/09/12, a interpretação da resistência pelos algoritmos da Renageno e Stanford

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Caso 64- Homem, diabético, doença coronariana, falha virológica


Motivo da discussão:
Qual o melhor esquema antirretroviral de resgate para o caso, levando-se em consideração as comorbidades.

Primeiro Anti HIV + em Jan 2003
Jan 2003- TB ganglionar
Início TARV Jan/2003 AZT + 3TC + EFV
Diabético desde 1999
Tabagista: desde os 20 anos.
Uso de cocaína e maconha dos 27 aos 48 anos.
HPP: IAM 2002/ colocação de stent coronariano 2003
Comparecimento irregular as consultas médicas, tanto com o infectologista quanto com o cardiologista e endocrinologista. Sempre relatando usar regularmente a medicação.
Em supressão viral até março 2011. À seguir, deixou de fazer regularmente os exames e só em maio de 2005 fez outra rotina laboratorial.

23/05/12
HbAlc 6,8  G estimada 148  G 135  U 42  Creat 0,87
Col 142  HDL 27  LDL 90  Tg 124
TSH < 0,011  T4 livre 1,7
AntiTPO 65,7 ( até 34)
Anti tireoglobulina 11,7 (até 115)
25(OH) Vit D 27,4 ng/ml
CV HIV 4938 cópias/ml (3,69 log)
CD4 764/mm³- 32,9%   CD8 1247/mm³- - 53,7%
Microalbuminúria 19,60 mg/l
EAS D 1026  pH 6  Hem 9  Leuc 5

04/07/12
Genotipagem de HIV
Protease- sem mutações principais. Mutação secundária L10T
Mutações na TR D67N, M184V, T215T
NNRTI K103N , G190 A
Outros polimorfismos presentes.

Na última vez que foi avaliado pelo cardiologista este solicitou novo cateterismo cardíaco.




quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Caso 63_ Homem, elevado perfil de resistência do HIV aos ARV



1.      Momento ideal para resgate
2.       Intensificação
3.       Simplificação

          58 anos; sexo masculino, pardo, natural do Rio (RJ), viúvo, compositor gráfico, 2º grau completo.
          Início acompanhamento em 02/1994 - “gânglios no pescoço”.
          Primeiro anti HIV+ em 04/1992.
          Início AZT e profilaxia 1ária com SMZ+TMP.
          Passado Hepatite B, sífilis (tratada,) Herpes zoster.
          Pai falecido por CA de pulmão; mãe com “reumatismo”; filho falecido por leucemia; filha saudável; esposa falecida de pneumopatia (sem relação com HIV- SIC).
          Tabagista de 1 a 2 maços/dia por 10 anos; etilista de cerveja; passado de uso de cocaína inalatória; relacionamento homossexual há vários anos.
           02/1994 – Exame físico da entrada: linfadenopatia cervical, submandibular, supraclavicular, axilar e inguinal (± 1,5 cm); leucoplasia pilosa oral, eczema seborreico em face.
          PPD – 15 mm (pápula com centro necrótico).
          03/1994 – CD4 – 417 cél/mm3 (16%) .
          06/1994 – CD4 – 511 cél/mm3 (16%) .
          Suspenso AZT e SMZ + TMP.
          TB pulmonar em set/1994 - BAAR negativo e cultura positiva para BK.
          10/1994 – Início RHZ (9 meses).
          12/1994 - reinício TARV
          12/1994 a 06/1996 – ZDV
          06/1996 a 11/1997 – ZDV + DDI
          11/1997 a 03/2001 – ZDV + 3TC + IDV
          03/2001 a 08/2001 – DDI + D4T + EFV
          08/2002 – Sorologia reativa p/ HTLV confirmada.
          08/01 a 01/2004 – DDI + 3TC + IDV + RTV + EFV
          01/2004 – Genotipagem (1a) – Resistência às 3 classes (recusado em protocolo de pesquisa).
          01/2004 a 02/2006 – DDI + 3TC + TDF + LPV/r
          Sem opções de novas drogas para compor esquema.
          02/06 a 08/06 – DDI + TDF + 3TC + LPV/r + SQV
          08/06 a 09/2006 – TDF + 3TC + LPV/r + SQV
          09/2006 – Não autorizada nova Genotipagem.
          09/2006 a 05/2008 – TDF + 3TC + ATV + RTV
          11/2007 – Não conseguiu vaga em protocolo de pesquisa.
          04/2008 – Genotipagem (2a) – Resistência às 3 classes.
          05/08 a 04/2009 – 3TC + DRV + RTV + T20
          CD4 após este esquema foi de 176 cel/mm3 para 530 cél/mm3
          CV após este esquema foi de 28757 cópias/ml para 1907 e depois 400 cópias/ml, mas não atingiu indetectabilidade.
04/2008: Genotipagem: Vírus subtipo B
          ITRN: 41L 67N 69D 74I 118I 184V 208Y 210W 211K 215Y
          ITRNN: 179M 188L
          Outros polimorfismos na TR: 43N 123E 174K 189I 196E 203K 207E 223E 228H 242L 245E
3TC
ABC
AZT
AZT3TC
d4T
ddI
EFV
NVP
TDF
TDF+3TC
R
R
R
R
R
R
R
R
I
I
IP: 10I 13V 20I 33I/M 35D 36I 46L 54V 62V 63P 69Y 71V 73S 74E 82I 84V 89V 90M 93L
Outros polimorfismos na P: 11L 19P 22V/A 37N 70T 85V 91S
ATV
ATV/R
DRV
FPV
FPV/R
IDV
IDV/R
LPV
NFV
RTV
SQV
SQV/R
R
R
I
R
R
R
R
R
R
R
R
R

Fonte: aids.gov.br : Algoritmo brasileiro Interpretação Genotipagem HIV-1 resistenciav5.cgi ( interpretação da época.


Se fosse hoje ......
3TC
ABC
AZT
AZT+3TC
d4T
ddI
EFV
ETV
NVP
TDF
TDF+3TC
R
R
R
R
R
R
R
S
R
R
I
ATV/R
DRV/R
FPV/R
IDV/R
LPV/r
SQV/R
TPV/R

R
R
R
R
R
R
R

Fonte: aids.gov.br : Algoritmo brasileiro Interpretação Genotipagem HIV-1 Algoritmo_versao_12(05-2012)
Ø  04/2009 – Genotipagem (3a) – Resistência a todos os IPs, exceto intermediária ao DRV + RTV. Resistência a todos os ITRN e ITRNN.
Ø  04/2009 – Abandonou T20 (após 1 ano de uso).
Ø  04/2009 – Teste de tropismo – CCR5
Ø  07/2009 – Abandono da TARV.
11/2009 – Surto psicótico (esquizofrenia breve).
Ø  11/2009 a 03/2011 – TDF + 3TC + DRV + RTV
Ø  CD4 após a reintrodução do DRV + RTV  ficou estabilizado em torno de 400 cél/mm3 aguardando a liberação das outras drogas.
Ø  CV após a reintrodução do DRV + RTV  caiu de 140787 para 27890 e depois subiu para 60425 cópias/ml

O que você faria daí em diante?