Dividindo as dúvidas e os conhecimentos

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Como não só médicos, mas outros profissionais de saúde estão envolvidos no tratamento dos pacientes portadores de HIV/AIDS, formalmente estão sendo convidados a participar das discussões, enviar casos e dúvidas. Para enviar um caso ou uma dúvida, clique no final de um caso, em comentário, mesmo que não seja diretamente relacionado a ele. Será visto pela adminstradora do blog e será publicado. Se não tiver uma identidade das listadas, publique como anônimo.

Ao publicar este blog minha intenção é criar uma rede de médicos que, por meio da discussão de casos clínicos, possam atender ainda melhor seus pacientes. As dúvidas também podem ser transformadas em situações hipotéticas sobre as quais poderemos debater. Todos os interessados são bem vindos.

30/05/10 Alteração nas postagens:
Ao criar o novo nome para o nosso blog, tive que passar todos os comentários do antigo para cá e por vezes errei, colei 2 vezes ou em lugar errado e tive que apagar. É por isso que está aparecendo que algumas postagens foram excluídas por mim. Pior: não consegui copiar os seguidores para este blog.
Desculpa, mas sou uma blogueira iniciante e errante.
Tânia

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segunda-feira, 31 de maio de 2010

Caso 2 - Homem, 35 anos, coinfectado HBV


Motivo da discussão:
Início ou não de esquema ARV. Que esquema escolher?

Resumo da história/ Exames:

Paciente assintomático.

03/08/2005
Primeiro anti- HIV+
CD4 694,4 - 35% CD8 753,92 - 38% CD4/CD8 0,92
PCR HIV 629 (2,80)

TGO 21 TGP 16 GGT 15 FA 59 BT 1,24 BD 0,38 Ptns 7,7 Alb 58,7%

09/2005
Anti HBe + Anti HBs neg Anti HBc + Anti HBc IGM neg HBsAg +
IgG e IgM HAV neg
Anti HCV neg
bDNA HBV 81865 cópias/ml
FA 55 GGT 13 TGP 16 TGO 25 BD 0,2 BI 0,7

01/2006
FA 62 GGT 19 Ptns 7,9 Alb 4,8 TGP 23 TGO 25 BT 0,9 BD 0,2
Anti HBe + HBsAg + HBeAg neg
CD4 863 - 32.9% CD8 1021 - 38,95 CD4/CD8 - 0,846
PCR HIV 2370 - 3,37 log
bDNA HBV não detectável
PCR qualitativo para HBV - não detectado

10/04/06
CD4 942 - 40,4% CD8 935 - 40,1 % CD4/CD8 1,007

De 2006 a 12/2009, manteve-se com CD4 acima de 500 e HBV DNA indetectável. HBsAg+. Anti HBs neg, Anti HBc + Anti HBe +
Nenhuma alteração de provas de função hepática.

11/02/10
CD4 -444- 36,3% CD8 635 - 51,9% CD4/CD8 0,699

13/04/10
CD4 377 - 29% CD8 703 - 54,1%
RT-PCR HIV 9275 (3,97log)
HBV-DNA - 463 UI/ml (2,67log)- 1579 cópias/ml ( 3,20)

15/04/10
Genotipagem HIV pré-tratamento
Genótipo B
TR- sem mutações
IP- I15V, I93L
Sem resistência

11/05/10
CD4 414- 24% CD8 1070 - 62% CD4/CD8 0,4

11 comentários:

  1. Sujeito de sorte , este ! Eu trataria , na verdade só qdo o CD4 estivesse menor q 350 , mesmo com DNA HBV baixo . Com TDF 3TC EFV (padrão Br)

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  2. Em 31 de maio de 2010 22:34, Juçara Arabe escreveu:

    Ola minha amiga ,

    Adorei o jeito do blog . Tenho lido e acompanhado todos os comentarios e as suas respostas . Estão otimos.
    É mais uma cachaça !!!!! Acho que já pegou . Parabens pela iniciativa .
    Grande beijo ,
    Juçara Arabe.

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  3. Dr carlos da costa da Guine-Bissau ,Medicco estudante do IOC Labaids1 de junho de 2010 às 15:29

    eu esperia um pouco ate Cd4 estever 350 em caso não aparece sintomas .

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  4. Carlos:
    Obrigada por comentar. Vou aguardar até o final da semana e vou fazer um apanhado geral das opiniões.
    Tânia

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  5. Acho que as 2 decisões cabem, tratar e não tratar.
    Se entre 2006 e 2010 a queda de CD4 (total e %) foi progressiva, sem deixar dúvida que está progredindo a imunodeficiência (e a queda foi expressiva), tenderia a iniciar tratamento. Claro que temos que lembrar do Consenso com referência ao ponto de corte de 350 cels. Por isso será uma decisão pessoal.
    Se a maior magnitude da queda de CD4 foi recente (em 2010), tenderia a aguardar para afastar possível interferência de outros fatores (infecção, vacinação).
    Concordo com esquema proposto EFZ/3TC/tenofovir.
    Mauro Treistman

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  6. Mauro:
    Obrigada pelo comentário.
    O primeiro CD4 abaixo de 500 (36,3%) foi em 11/02/10. Não consegui estabelecer nenhum evento relacionado decidi aguardar o próximo. Este foi em 13/04, 377(29%), coincidindo pela primeira vez em que conseguimpos detectar DNA do HBV. Também aí não consegui encontrar nenhuma razão outra para a queda do CD4. Aí propus pensar em iniciar tratamento. Novo exame em 11/05 CD4 440(24%). Observe a queda em números percentuais. Ele ainda não quis iniciar tratamento e planejamos o próximo controle para agosto.
    Vc ou qualquer outra pessoa gostaria de comentar porque EFV ao invés de IP/r?

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  7. Paulo Roberto Santos7 de junho de 2010 às 14:26

    Oi Tânia,

    Comentando EFV VS IP/r:

    A minha decisão entre IP/r e EFV varia entre um paciente e outro. Atualmente ainda inicio muitos esquemas com EFV.

    Além de ser custo-efetivo e recomendado pelo Consenso, é uma droga potente, relativamente bem tolerada (tirando os efeitos no SNC, que normalmente são mais intensos no início e contornáveis ajustando a hora de tomada com os hábitos diários do paciente), com alta capacidade de indetectar rapidamente a CV (maior até que IP/r segundo alguns estudos), e (teoricamente) mais fácil adesão, por aliar dose única, menor quantidade de comprimidos, sem necessidade de geladeira.

    Seu maior problema não é no sucesso e sim na falha, já que sua barreira genética é muito baixa, bastando uma única mutação para o surgimento de resistência, com perda total da droga. Se o paciente tiver má adesão, normalmente surgem mutações de resistência na transcriptase reversa (TR), que afetam os não-análogos mas também os análogos. Nesse ponto os IP/r são melhores, pois tem alta barreira genética e normalmente há menos mutações na TR na falha, com a protease geralmente limpa. De qualquer forma tudo isso é tempo-dependente, ou seja, quato mais tempo mantendo um mesmo esquema falhado, pior no que tange ao acúmulo de mutações, quer seja com EFV ou IP/r....

    Outra questão é o risco de teratogenicidade, até pouco confirmado na prática, já que estamos cansados de ver mulheres que tomaram EFV por meses durante a gestação sem maiores consequências, mas o uso em mulheres em idade fértil deve ser cuidadoso.

    Eu monitoro muito amiúde os pacientes, pricipalmente no início de tratamento. Em caso de má adesão e falha virológica, a abordagem precoce previne o acúmulo de mutações de resistência.

    Em suma, Acho 3TC TDF EFV um excelente esquema, dose única diária, ação no HIV e no HBV.

    Abs Paulo.

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  8. A escolha do EFZ para o esquema é pela facilidade de tomada (1 vez ao dia, poucos comprimidos, sem refrigeração).
    Pelo informado não há contra-indicação ao EFZ, mas deve ser revisto antes da prescrição.
    Não vi descrito, por isso lembro a vacinação para HAV.
    Mauro Treistman

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  9. Ótimo ter chamado a atenção para vacinação HAV- ele fez.

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  10. Paulo:
    Obrigada pelos comentários. Eu estou, neste momento, com uma queda grande por iniciar sempre com esquemas com IP/r por causa da pequena possibilidade de falhas.
    Após o próximo exame dou notícias do caso já que, por agora ele não quer iniciar tratamento.

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  11. Notícias:
    O paciente continua assintomático, não iniciou ARV e os últimos exames são:
    11/05/11
    25(OH) Vit D - 24,6mcg/l
    Hem 4890000 Ht 43,5 Hb 14,9 VGM 89 HGM 30,5 CHGM 34,3
    Leuc 4200 0/5/0/0/2/52/26/11 Plaq 208000
    TAP 100% INR 1
    HbAlc 4,8 G estimada 91 G 84 U 34 Creat 0,86 ác úrico 6
    Col 152 HDL 29 LDL 90 TG 165
    Testsosterona 527 Livre 450,6
    Ca 9,2 P 3,3 FA 53 GGT 14 TGP 16 TGO 17 BT 0,6 BD 0,1
    PTH 25,6 T4 livre 1,2 TSH 2,57
    DNA HBV 967UI/ml - 2,98 log
    Exame 17/05/11
    CV 3861 ( 3,58 log) CD4 574- 36%

    03/06/11
    US abdome superior - nódulos hepáticos hiperecogênicas (prováveis hamangiomas). Esplenomegalia leve.

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