Motivo da discussão:
Febre e emagrecimento em paciente infectado pelo HIV.
01/09/14
B, Masc, Nasc 01/08/1985
Descobriu ser HIV+ em 2008.
Chegou a frequentar o consultório de um infectologista durante 2 anos e no
começo de 2013 recebeu indicação de TARV, mas decidiu não iniciar e abandonou o
acompanhamento médico. Nesta ocasião teve sífilis que foi tratado com Penicilina
Benzatina 2400000U/semana, por 3 semanas.
No início de agosto 2014 começou a se sentir fraco e a ter febre
verpertina. Cefaléia frontal nos períodos de febre. Sem tosse, diarréia,
alterações urinárias. Desde 30/08 notou aparecendo " bolinhas no peito,
que coçam, mas não doem”. Também sabe ser portador de HBV.
HPP:
Sinusite: eventual
Problemas de Visão: estrabismo
convergente tratado cirurgicamente aos 7 anos de idade.
Depressão: um pouco.
Problemas de Sono: sim
Tuberculose: não
Mononucleose Infecciosa: IgG EBV
+
Catapora: sim
Sarampo: não
Sífilis: sim
Blenorragia: não
Herpes simples: labial
Hepatite: A na infância.
Diagnóstico sorológico de B em 2008.
Antecedentes Transfusionais: não
Antecedenters cirúrgicos: correção
de estrabismo convergente aos 7 anos de idade.
HFam:
Pai com hipercolesteriolemia
Câncer: tia materna- mama. Avó
paterna- mama
H Soc:
Exercícios: não
Fumo: não
Bedidas: uma taça de vinho 2 x
mês.
Drogas: maconha todo final de
semana.
Atv. Sexual: tem atividade sexual
desde os 17 anos. HSH. Uns 80 parceiros nos últimos 10 anos.
Exame físico: Peso: 62 kg TA 37,8°C
Discretamente hipocorado,
hidratado, acianótico, anictérico, febril. Estrabismo divergente à direita. Couro
Cabeludo: OK. Dermatite seborreida de face. Foliculite leve de tronco. Sem
candidíase oral. Sem adenomegalias. RCR2TBNF.PA 110x70 FC 72.Pulmões sem RA. Mamas: OK.Abdômen flácido,
indolor, sem visceromegalias. Genitália externa OK. LOTE, colaborador, ansioso.
Sem déficits neurológicos focais. Nuca livre. Isocórico, fotorreagente. Membros
Inferiores sem edemas.
Pulsos periféricos palpáveis,
isócronos. Articulações: OK. Perianal: OK.
Trouxe exames:
06/11/08 Anti HIV + ELISA , IFI,
WB
23/12/08 CD4 932- 90% CD8 1211- 45%
26/03/09 VDRL neg
HBsAg neg Anti Hbs neg Anti HBc
neg HBe neg Anti Hbe neg
Anti HCV neg
CV HIV 109.872 cp/ml (5,04 log)
CD4 650- 28% CD8 1068 - 46% Cd4/CD8 0,61
11/08/09 CD4 795- 32%
CD8 1292- 52%
01/06/10 Bronstein
PCR 0,11 mg/dl
CD4 680- 28% CD8 1045- 43%
CD4/CD8 0,65
07/04/11 HBsAg + Anti Hbs
neg Anti HBc +
Antio HCV neg
TGP 260 TGO 121
VDRL neg FTA-ABS IgG neg
IgG toxo neg IgG CMV +
PCR 0,27 mg/dl
CD4 535-
23,2% CD8 1253- 54,4%
RT-PCR HIV 70034- 4,85 log
13/09/11 Bronstein
HBsAg + Anti Hbs neg Anti HBcAnti HBc
IgM neg HBeAg +
Anti Hbe neg
TGP 131 TGO 65
PCR 0,22
CD4 542- 25,1% CD8 1032-
47,8%
RT-PCR HIV 56419- 4,65%
22/02/13 Hem 3820000 Hb 10,7 Ht 33,5
VGM 87,7 HGM 28 Ht 31,9
Leuc 7800 0/0/0/0/2/64/21/13 Plaq 397000
G 94 U 22 Creat 0,84
FA 138 GGT 208 TGO 99 TGP 62
BT 0,8 BD 0,6
Anti HCV neg
VDRL 1/32
FAT-ABS IgG + Hemoaglutinação T. Pallidum +
IgG rubeola + IgM rubeola neg
IgG EBV + IgM EBV neg
IgG e IgM dengue
neg
PCR 17 mg/dl
RT-PCR HIV 173488 cp/ml
DNA HBV 4406
UI/ml (3,64 log/ml)
CD4 311-
19% CD8 880- 53,7%
09/09/14 Veio trazer
resultados de exames. TA máxima inferior a 38C. Fará hoje a noite RX de seios
da face.
Nuca livre. Sem deficits
neurológicos focais.
Só tem cefaléia nos momentos de
febre. Solicitada RM crânio e genotipagem pré-tratamento
06/09/14 Hem 4260000 Hb 10,9 Ht 33,8
VGM 79,3 HGM 25,6 CHGM 32,2
Leuc 6200 0/2/0/0/2/67/18/11 Plaq 305000
HbAlc 5,6 G estimada 114 G 92 U
20 Creat 0,62 ác úrico 4,6
Col 132 HDL 21 LDL 85
Tg 128
Amilase 99 Lipase 64
Ca 8,6 P 2,6 TSH 1,32
PCR 3,60 mg/dl 25(OH) Vit D 22,2
VDRL neg
FA 70 GGT 116 TGP 23 TGO 33
BT 0,3 BD 0,1
HBsAg + HbeAg + Anti HBc + Anti Hbe neg
Anti HBs neg
IgG HAV + IgM HAV neg
RT-PCR HIV 227.517 cp/ml (5,36 log)
CD4 60-
5,4% CD8
869- 77,9%
PPD- não reator
Creat urina ao acaso 150,5
Microalbumina 10
Alb/Creat 6,6
EAS- D 1019 pH 5 Hem 6 leuc 5
11/09/14
Genotipagem pré-tratamento
Inibidores da protease- Mutação
10V
Outros polimorfismos: 17E, 35D,
60E, 63P
ITRN- sem mutações
ITRNN- polimorfismos 101R, 123E,
135T, 166R, 196E, 200I, 245Q
12/09/14
RM crânio- sulcos, cissuras
corticoides e cisternas base anatômicos. Raros focos de sinal elevado em T2 e
FLAIR, restrição a difusão ou impregnação pelo meio de contraste, dispersos
pelo substância branca periventricular, nos centros semiovais e coroas
radiadas, inespecíficos.
Imagem linear ramificada com
realce pelo gadolínio occipital direta compatível com anomalia do baixo sinal
na sequência para susceptibilidade magnética adjacente ao átrio do ventrículo
lateral direito e ao angioma descrito, podendo corresponder a cavernoma. IV
ventrículo anatômico. Cerebelo de sinal preservado. Não há evidências de lesões
isquêmicas recentes ma sequência ponderada em difusão.
16/09/14 Mantendo quadro febril.
Cefaléia nos períodos de febre.
Exame físico sem nenhuma
alteração. Sem candidíase oral. Sem adenomegalias. Nuca livre. isocórico,
fotorreagente. Sem deficits focais.
RCR2TBNF. Sem sopros.
Medicado com TDF + 3TC + EFV
Bactrim + Azitromicina, Vit D3.
Você concorda com a conduta? Prosseguiria na investigação diagnóstica? Quais suas hipótese diagnósticas até este momento?
Olá, Tânia!
ResponderExcluirPaciente coinfectado HIV/HBV, com contagem de linfócitos T-CD4+ baixa (60 células/microlitro), com quadro de febre prolongada, com anemia, linfocitose, com TST-PPD não reator e VDRL 1/32. Acho importante pensar em tuberculose. TST-PPD não reator não quer dizer nada, em um paciente gravemente imunodeprimido. Não esqueçamos também da possibilidade de micobacteriose não tuberculosa, que pode evoluir de maneira subclínica. O paciente tem sífilis (VDRL 1/32). Sabemos que sífilis pode ter apresentações atípicas em pacientes com imunodepressão grave. Acho importante a realização de punção lombar e, depois, tomada de decisão quanto à maneira de abordar essa sífilis. Outra hipótese é linfoma. Acho importante a avaliação de um hematologista. A conduta, a meu ver, está ótima. Eu só teria cautela em entrar com azitromicina, já que existe a possibilidade de micobacteriose não tuberculosa.
Aliás, desconsidere meu comentário sobre sífilis. Ele apresenta VDRL não reagente. Mas acho importante checar se, em 2013, a sífilis foi tratada, já que imunodepressão grave pode levar a sorologias falso-negativo.
ResponderExcluirTânia,
ResponderExcluirConcordo com o início de TARV e as drogas usadas, bem como as profilaxias.
Quanto ao quadro febril vespertino num paciente jovem coinfectado por HIV/HBV e com CD4+ 60 cel/mm³ e CV > 100.000 cp/ml, tudo é possível. Eu continuaria a investigação diagnóstica deste jovem pedindo:
- Hemoculturas para germes comuns aeróbios/anaeróbios, micobactérias e fungos;
- Urinocultura + TSA (considerar urinocultura para micobactérias numa etapa posterior, já que o paciente não apresenta queixas sugestivas de TB renal);
- Látex para Cryptococcus sp. e Histoplasma no sangue;
- Imagem: complementaria com TC tórax/mediastino e abdomen;
- LDH, VHS: ele tem sorologia para EBV IgG+ e sintomas constitucionais que podem (ou não) estarem relacionados a um linfoma. Vi que há microcitose ao hemograma, que é um achado relativamente comum em Hodgkin. A imagem de tórax e abdomem também ajudarão na investigação, já que a RNM de cérebro não mostrou nada a respeito;
- ECO e líquor: a considerar posteriormente, caso a abordagem inicial seja inconclusiva (não há soprologia cardíaca nem sinais periféricos de endocardite ao exame físico; não há deficits neurológicos, RNM cerebral ok);
- Fundoscopia.
Aguardo os resultados. Beijo!
Márcio Fernandes.
Obrigada pelo seu comentário.
ResponderExcluir30/09/14 Está há 5 dias sem febre. Peso: 59 kg Desmatite seborreica de face. Sem placas de candida na cavidade oral. Sem adenomegalias. Ausculta pulmonar sem RA. RCR2TBNF. Abdome OK. Sem edemas. Nuca livre. Isocórico, fotorreagente. MMII sem edemas.
ResponderExcluir22/09/14 Eco color doppler cardíaco- normal.
21/10/14 Sorologia positiva para histoplasma. RM de abdome evidenciando Múltiplas linfonodomegalias retroperitoneais e no hilo hepático e, menos evidentes. mesentéricas, medindo até 1,5 cm, a maioria com degeneração cística/necrótica. Há linfonodo com aspecto semelhante, medindo 0,9 cm, na cadeia ilíaca externa direita. Considerando a doença de base , as possibilidades de doença granulomatosa infecciosa, fúngica e linfoproliferativa devem ser consideradas, nesta ordem.
Ao exame, afebril. Peso: 58,2 Kg Há gânglios palpáveis nas cadeias cervical anterior, cervical posterior, axialar e inguinal, sendo o maior um cervical anterior direito com mais ou menos 2 cm de diâmetro, móvel, consistência um pouco aumentada, indolor.
11/10/14 Sorologia para histoplasma 3,6 (reagente)
11/10/14
TC do tótax- normal
Ressonância magnética- fígado de dimensões e contornos normais. Diminuto foco hiperintenso em T2 na transição dos segmentos VI e VII, medindo 0,5 cm e sem realce expressivo pelo contraste, devendo representar cisto ou hemangioma de realce lento. Área hipervascular no segmento II, sem expressão nas demais sequências ou fases do estudo dinâmico, compatível com alteração perfusional. Não há dilatação das vias biliares. Vesícula biliar parcialmente distendida. Baço de volume aumentado com diminutas imagens hipovasculares e melhor apreciadas após contraste.
Pequeno baço acessório anteriormente ao órgão principal. Diminuta imagem ovalada, com sinal hipointenso em T1 e discretamente hiperintenso em T2, não captante de contraste, medindo 0,5 cm, localizada no corpo do pâncreas. Não há evidência de comunicação com o ducto pancreático principal, que tem calibre normal. O aspecto é de pequeno cisto. Restante do pâncreas sem alterações. Adrenais anatômicas. Rins de topografia, dimensões normais e com relações córtico-medulares preservadas. Não há dilatação ureteral ou pielocaliciana. Aorta de calibre normal. Múltiplas linfonodo,egalias retroperitoneais e no hilo hepático e menos evidentes, mesentéricas, medindo até 1,5 cm, a maioria com centro hipocaptante de contraste, indicando degeneração cística/necrótica. Há linfonodo com aspecto semelhante, medindo 0,9 cm, na cadeia ilíaca externa direita. Bexiga distendida e de conteúdo homogêneo. Próstata de volume normal, contornos regulares e sinal conservado. Vesículas seminais anatômicas. Mínima quantidade de líquido livre na pelve.
Impressão: Imagem sugestiva de cisto pancreático
Pequeno foco hipervascular em T2 e hipovascular sugestivo de cisto/hemangioma de realce lento.
Múltiplas linfonodomegalias retroperitoneais e no hilo hepático e, menos evidentes. mesentéricas, medindo até 1,5 cm, a maioria com degeneração cística/necrótica. Há linfonodo com aspecto semelhante, medindo 0,9 cm, na cadeia ilíaca externa direita.
Bom, neste caso ficamos com 2 hipóteses diagnósticas principais: Tuberculose (sempre!!!) e Histoplasmose, ambas em sua forma disseminada. Como disse no meu comentário anterior, com um CD4+ de 60 cel/mm³, ambas são possíveis, até mesmo a coinfecção TB/Histoplasmose é possível nesta situação.
ResponderExcluirO que me causa estranheza é a possibilidade de Histoplasmose num paciente com um estado geral relativamente preservado, e que tenha melhorado após o início da TARV... Na coinfecção HIV/TB, isto até é possível (exceto nos casos de IRIS), mas com Histoplasmose confesso que está estranho. Ademais, no caso de Histoplasmose disseminada, costumamos ver bi ou pancitopenia ao hemograma (o paciente só tem anemia); outro sinal indireto é uma fosfatase alcalina normal (que costuma estar bem elevada na Histoplasmose disseminada). Por fim, vale lembrar que uma das causas de sorologia falso-positiva para Histoplasmose (além de outras doenças fúngicas como a Blastomicose e Coccidioidomicose) é a própria Tuberculose! Qual foi o método empregado na sorologia, fixação do complemento ou imunodifusão em gel?
De qualquer forma, embora a TB seja minha primeira opção, acho que vale a pena abordar essa medula óssea, para descartar ou confirmar o diagnóstico de Histoplasmose. Outro teste importante a se fazer é a pesquisa de antígeno urinário do H. capsulatum. Uma pena ele não ter linfoadenomegalia periférica, que também pudesse ser abordada.
Só para lembrar (Fonte:Métodos Diagnósticos - Consulta Rápida - Editora Artmed 3ª reimpressão 2006):
I) TESTES SOROLÓGICOS PARA HISTOPLASMOSE:
a) FIXAÇÃO DO COMPLEMENTO:
. É o teste sorológico mais utilizado; hemólise e lipemia podem interferir nos resultados;
. Teste com 70% de sensibilidade na infecção aguda; títulos de 1:16 costumam ocorrer após 2-4 semanas do início do processo febril;
. Os títulos não se correlacionam com a atividade da doença, resposta à terapia ou prognóstico.
b)IMUNODIFUSÃO EM GEL:
. O teste detecta bandas de histoplasmina M e H (adendo meu: a banda H indica atividade da doença e a banda M indica contato recente com o fungo. As precipitinas surgem 4-8 semanas após exposição e após o surgimento dos anticorpos fixadores do complemento).
OBS:
Na Histoplasmose disseminada em pacientes infectados pelo HIV:
- Culturas de medula óssea frequentemente revelam o fungo, usualmente após várias semanas;
- Os pacientes com SIDA e Histoplasmose disseminada costumam ter maior densidade de organismos, tornando o diagnóstico mais fácil;
- A biópsia de medula óssea persiste como teste útil; culturas de sangue são frequentemente positivas, em especial quando se utilizam técnicas de centrifugação;
- O lavado broncoalveolar também é um teste importante, seja pelo exame direto como pela cultura;
- A medida do antígeno polissacarídico do H. capsulatum na urina é muito útil para o diagnóstico de Histoplasmose disseminada; pode ser também para monitorizar a resposta ao tratamento e para documentar eventuais recorrências; esse talvez seja o melhor teste diagnóstico em pacientes infectados pelo HIV;
- Os testes sorológicos podem ser negativos em pacientes com imunodepressão grave.
Beijo,
Márcio Fernandes.
Bom dia!
ResponderExcluirA hipótese de sífilis foi afastada. Vi que o tratamento foi instituído em 2013, de maneira adequada. Embora eu teria solicitado punção lombar, por se tratar de sífilis latente tardia ou de duração desconhecida. Mas fato é que curou.
Bem, com os novos dados: Febre, emagrecimento, fraqueza, linfonomegalias, hepatoesplenomegalia, anemia, linfocitose, eu fico com três hipóteses principais: (1) Tuberculose disseminada; (2) Micobacteriose não tuberculosa disseminada (MAC); (3) linfoma. Histoplasmose disseminada é pouco prevalente em nosso meio. Acho improvável. É importante lembrar que pode haver reação cruzada com outros fungos. Outro dado que fala contra a hipótese de histoplasmose disseminada é a ausência de acometimento pulmonar.
Acho importante pensar na possibilidade de paracoccidioidomicose. Veja se o paciente já viveu na zona rural, se já trabalhou como jardineiro, etc.
Enfim, eu iniciaria terapia empírica para tuberculose e MAC: RHZE + azitromicina 500 mg/dia. Manteria a hipótese de linfoma e interrogo micose sistêmica. Acho importante pensar em paracoccidioidomicose. Como tem linfonodos acessíveis (linfonodo cervical de 2 cm!), eu solicitaria biópsia + cultura de linfonodo para micobactérias e fungos. Entretanto, enquanto o resultado da biópsia não ficasse pronto, eu já estaria empiricamente tratamento o paciente para micobacteriose.
Respondendo aos comentários:
ResponderExcluirCarlos: ele foi tratado para a sífilis em 2013.
O estado geral do paciente era muito bom. Exceto pelo fato de continuar a perder peso e a ter uma recuperação de CD4 aquém do esperado, estava em ótimo estado geral. Era muito difícil acreditar que tratava-se de histoplasmose. Também não evoluiu com pancitopenia o que é muito comum nestes casos.
Vou mandar para o grupo artigos interessantes sobre histoplasmose e TB.
ResponderExcluirQuero fazer algumas observações que considero importantes:
Este paciente fez PPD. Sabemos da importância do PPD como teste para indicar profilaxia e para auxílio diagnóstico. Lastimavelmente, o único fabricante mundial, deixou de fabricá-lo. Triste.
Nossa boa e velha Penicilina Benzatina está mais difícil de ser achada do que pepita de ouro na devastada Serra Pelada. A nota que copio à seguir saiu no boletim do Conselho Federal de Medicina- atentem para a data
Benzetacil está em falta no mercado Imprimir E-mail
Qua, 10 de Setembro de 2014 14:21
O Benzetacil, antibiótico produzido a partir da penicilina benzatina, está em falta no mercado decorrente da dificuldade de produção do princípio ativo e de problemas de manufatura do medicamento. Diante do quadro, a empresa responsável pela distribuição e comercialização do remédio, Supera Rx, orienta a classe médica a prescrever pelo nome do princípio ativo. Segundo o presidente da empresa, médico Ricardo Lourenço, a empresa tem dado essa orientação por meio dos propagandistas, de websites, Serviço de Atendimento ao Consumidor e em comunicação à Associação Médica Brasileira (AMB).
Devido à importância do medicamento e sua ampla utilização e prescrição, a empresa pediu a ajuda do Conselho Federal de Medicina (CFM) na divulgação da orientação. “Pensamos que seria adequado reforçar essa comunicação antecipada ao maior número possível de colegas no país para evitar constrangimentos e, de alguma maneira, uniformizar a orientação aos pacientes. Os veículos de comunicação do CFM poderiam ser de grande ajuda na informação e orientação”, argumentou Lourenço.
O pedido do presidente da Supera Rx foi analisado na plenária de julho, que deliberou pela divulgação do aviso. A empresa também afirmou que a falta da penicilina benzatina não é exclusiva do Brasil, o que levou a Organização Mundial de Saúde a veicular um comunicado sobre a complexidade de produção do fármaco e a limitação de alternativas em muitos países. A Supera Rx informou, ainda, que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) está ciente do problema e que a empresa está dedicando esforços a fim de reiniciar o suprimento do produto no futuro.
Acessado em http://portal.cfm.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=25029:benzetacil-em-falta&catid=3
Estamos em Março de 2015. Alguém viu a Benzetacil por aí?
Se tiverem curiosidade deem uma procurada no google- o que não falta é publicação falando da falta desta preciosidade.
Carlos: gostei da participação.
ResponderExcluirEle não vive em zona rural. É da cidade grande. Trabalha numa grande empresa.
Eu também teria feito a punção lombar- concordo com você, mas isso não é consenso. Vou mandar uma revisão de sífilis para vocês.
Mando notícias do caso amanhã.
04/11/14 Foi submetido a BX no dia 13/11. Sem febre há mais ou menos 3 semanas. Corado, hidratado, acianótico, anictérico, afebril. Cavidade oral OK. Lesão nodular esquerda, umbelicada, na região supracular esquerda. Ausculta pulmonar sem RA. RCR2TBNF. Abdome OK. Sem edemas. Poliadenomegalia- maiores que no exame anterior.
ResponderExcluir20/10/14 Hem 4510000 Hb 11,4 Ht 36,4 VGM 80,7 HGM 25,3 CHGM 31,3
Leuc 8600 0/1/0/0/2/50/37/10 Plaq 476000
21/10/14 Sorologia para H. capsulatum
Negativa para as bandas M e H
28/10/14
CD4 191- 11,2% CD8 1299- 76,1% CD4/CD8 0,15
RT-PCR HIV 259- 2,41 log
TAP 91% INR 1,06
Plaq 492000
22/11/14 - gânglio intra-abdominal
ResponderExcluirCultura de gânglio- negativa para bactéria
Gram- não foram observados microorganismos pelo método de GRAM
BAAR- neg
Pesquisa direta de fungos neg
PCR para tb no gânglio- negativo.
Cultura para fungos em meios de Sabouraud, Mycosel, Brain- Heart Infusion Agar e Inhibitory Mold Agar e incubado por 30 dias- negativo.
Imprint de linfonodo periureteral- linfonodo com processo inflamatório crônico mostrando áreas de necrose caseosa sugerindo etiologia tuberculosa.
Síndrome de reconstituição imunológica. Embora o relato esteja meio entrecortado, parece estar superando o quadro sem anti-inflamatórios esteróides ou não. Qual micobactéria - parece ser uma micobactéria -? Saberemos algum dia?
ExcluirSaberá hoje ainda.
ResponderExcluir
ResponderExcluir01/12/14
Bx de lesão supra clavicular esq- molusco contagioso.
04/12/14 Ótimo estado geral.
Nunca mais teve febre.
Ata da cirurgica- laparotomia esploradora com retirada de gânglios abdominais e, 22/11/14
Corado, hidratado, acianótico, anictérico, afebril. Cavidade oral OK. Gânglios mantidos. Pulmões limpos. RCR2TBNF. Abdome cicatriz cirúrgica OK. Sem edemas.
Suspensa azitromicina
16/12/14 Apesar de estar em ótimo estado geral, continua perdendo peso. O exame histopatológico dos gânglios abdominais mostrou Múltiplas linfonodomegalias retroperitoneais e no hilo hepático e, menos evidentes. mesentéricas, medindo até 1,5 cm, a maioria com degeneração cística/necrótica. Há linfonodo com aspecto semelhante, medindo 0,9 cm, na cadeia ilíaca externa direita. Considerando a doença de base , as possibilidades de doença granulomatosa infecciosa, fúngica e linfoproliferativa devem ser consideradas, nesta ordem.
Ao exame, corado, hidratado, acianótico, anictérico, afebril. Peso: 57,2 Kg
Permanece com linfonodomegalias. Ausculta pulmonar sem RA. RCR2TBNF Abdome com excelente cicatrização, sem visceromegalias.
Todo o material está semeado em cultura.
Decidi iniciar tratamento para TB.
16/12/14 RHZE- Início em 19/12/14
06/01/15 Ganhou 3 kg. Assintomático. Corado, hidratado, acianótico, anictérico, afebril. Cavidade oral OK. Notei que os gânglios do pescoço estão mais amolecidos. Corado, hidratado, acianótico, anictérico, afebril. Cavidade oral OK. Sem adenomegalias. Pulmões limpos. RCR2TBNF. Abdome OK. Sem edemas.
02/01/15
Hem 4740000 Hb 11,8 Ht 36,7 VGM 77,4 HGM 24,9 CHGM 32,2
Leuc 6200 0/2/0/0/3/58/26/11 Plaq 430000
TAP 81,8% INR- 1,11
TGP 42 TGO 29 BT 0,2 BD 0,1
REPAREM A MELHORA DAS PROVAS DE FUNÇÃO HEPÁTICA.
No dia 16/01/15 saiu o resultado da cultura para Mycobacteria: M. tuberculosis complex
O paciente, no momento, está de férias na França e bem feliz.