Dividindo as dúvidas e os conhecimentos

Novidades no blog
Como não só médicos, mas outros profissionais de saúde estão envolvidos no tratamento dos pacientes portadores de HIV/AIDS, formalmente estão sendo convidados a participar das discussões, enviar casos e dúvidas. Para enviar um caso ou uma dúvida, clique no final de um caso, em comentário, mesmo que não seja diretamente relacionado a ele. Será visto pela adminstradora do blog e será publicado. Se não tiver uma identidade das listadas, publique como anônimo.

Ao publicar este blog minha intenção é criar uma rede de médicos que, por meio da discussão de casos clínicos, possam atender ainda melhor seus pacientes. As dúvidas também podem ser transformadas em situações hipotéticas sobre as quais poderemos debater. Todos os interessados são bem vindos.

30/05/10 Alteração nas postagens:
Ao criar o novo nome para o nosso blog, tive que passar todos os comentários do antigo para cá e por vezes errei, colei 2 vezes ou em lugar errado e tive que apagar. É por isso que está aparecendo que algumas postagens foram excluídas por mim. Pior: não consegui copiar os seguidores para este blog.
Desculpa, mas sou uma blogueira iniciante e errante.
Tânia

GRUPO, PODE HAVER UMA INCOMPATIBILIDADE DO BLOGGER COM INTERNET EXPLORER. CASO VOCÊ TENHA PROBLEMA PODE INSTALAR O FIREFOX OU O GOOGLE CHROME. LIMKS PARA INSTALAÇÃO: http://br.mozdev.org/download/ www.google.com/chrome/eula.html?hl=pt-BR

terça-feira, 9 de abril de 2013

Caso 76- Transmissão sexual de HIV por progressor lento com carga viral abaixo de 1000 cópias/ml


Motivo da discussão:
1- Definição de controlador de elite e progressor lento.
2- Indicação de TARV para redução de risco de transmissão
3- Comordbidades associadas - ativação imune persistente apesar de controle da CV e capacidade de manter o CD4 estável?

Paciente masculino, 48 anos, natural e residente no RJ/RJ - aposentado.
Solteiro, multiparceria heterossexual.
Primeiro anti HIV+ em Fev/97, embora assintomático, à época, sua parceira sexual, c/ 2 meses de puerpério e em aleitamento, sentia-se muito fraca e notou “caroços espalhados pelo corpo”. Confirmou-se estar infectada pelo HIV. Só depois também foi confirmada a doença no bebê que, em seguida, apresentou intercorrências graves necessitando de várias internações hospitalares. O paciente garante que o casal era soronegativo antes e durante a gestação (?).

Em tratamento para hipertensão arterial desde 1996. Manifestações de alergias respiratórias recurrentes nos últimos 5 anos antes do diagnóstico. Sempre foi ansioso, mas piorou ao saber que era portador do HIV e assim justifica o uso abusivo de diazepam 10 mg/d, até bem pouco tempo atrás. Contactante de foco bacilífero, fez quimioprofilaxia c/ INH por 6 meses. Durante os 3 primeiros meses dessa medicação apresentou diarreia c/ sangue, curada depois de tratamento c/ antiparasitários.

 Evoluiu sempre c/ CD4 > 600 céls/mm3, cargas virais baixíssimas (em torno de 1000 cps/mm3), tendo em várias ocasiões ficado indetectável, s/ nenhum tratamento. Concomitantemente, tinha dislipemia mista, c/ predominância de hipertrigliceridemia (> 900 mg%)/hiperglicemia leve (Propranolol substituído por Enalapril) c/ normalização da glicemia e iniciado fibrato c/ redução, mas não normalização dos triglicerídeos.

Sua parceira e a sua filha recém nascidas tiveram indicação de TARV logo após a confirmação sorológica, devido às evidentes intercorrências ligadas à imunodepressão. Sua esposa foi a óbito por doenças relacionadas à AIDS e sua filha adolescente mantém-se em TARV. - estável clínica e laboratorialmente.

 O paciente teve vários relacionamentos desprotegidos e ainda assim se mantinha c/ CD4 > 500 CÉLS e carga viral baixa, exceto quando infartou em 2010 c/ PCR em torno de 3000 cp/ml. (maior viremia em sua história patológica).

Uma de suas parceiras engravidou e na ocasião era HIV+ virgem de antirretrovirais. Iniciou TARV na gestação e o bebê é soro negativo. Desde a gestação não interrompeu mais o TARV e, agora, já teria de qualquer modo indicação para o tratamento. Evolui estável. 

O paciente que eu acompanho permanece indetectável s/ terapia específica e c/ CD4> 500 céls. Abordei a probabilidade de iniciar TARV devido ao grande risco cardiovascular (coronariopata em uso de stent). Aguardo a próxima consulta para decidirmos a estratégia terapêutica.

7 comentários:

  1. Tania,
    Abaixo os comentarios sobre esse artigo que me mandou o autor (de Harvard) do unico outro caso reportado de transmissão sexual por um elite controller.

    I am not even convinced that the 2 are a transmission pair, and their claim that the EC transmitted virus to the progressor is based upon nothing more than the patient’s reported histories.

    They have no documentation of when either patient actually seroconverted and they don’t even have documentation that the EC was infected by a blood transfusion.

    Actually we think that in our paper, ES38 transmitted virus to her partner based on the fact that isolates from both patients had HLA-B*57 associated escape mutations and only she was HLA-B*57+ (Figure 4).

    There would be no reason for him to have these escape mutations unless they were transmitted to him.

    We don’t have absolute proof so we don’t state this with certainty, but it’s definitely more rigorous than anything else reported.

    Mauro Schechter

    ResponderExcluir
  2. No nosso caso, ao que me parece, também não fica definido se o paciente "índice" é a fonte da infecção das mulheres. Há como saber se o vírus é o mesmo pelo sequenciamento da região TAT, mas teria que ter solicitação judicial para isso devido as sérias implicações legais (é como teste de paternidade). Eu vou mandar pra todos um artigo que fala sobre vínculo genético do vírus que foi publicado pelo Ricardo Diaz em 1999.
    AIDS RESEARCH AND HUMAN RETROVIRUSES
    Volume 15, Number 13, 1999, pp. 1151–1156.

    Saber se tinham o mesmo vírus seria cientificamente muito interessante. É sabido que há uma relação entre carga viral e probabilidade de transmissão mas ter carga viral abaixo de 1500 cp reduz, mas não abole o risco de transmissão. Também há uma correlação entre a CV plasmática e o vírus circulante e o que está em outros compartimentos como semem e líquor, mas não é sempre que o indivíduo tem CV plasmática indetectável e o mesmo ocorre no semem ou no líquor. Há casos, inclusive, de comprovação da presença de vírus infectivo em semem de indivíduos com CV seminal abaixo do limite de detecção. Eu vou procurar uns trabalhos para enviar para todos em outro momento porque agora estou muito atrasada. Se alguém tiver em mãos, por favor envie para todos do grupo.

    Alguém quer falar de tratamento para o paciente em questão? Acho que no caso dele podemos discutir esta indicação por duas razões: redução do risco de transmissão e redução da ativação imune e inflamação.

    ResponderExcluir
  3. Aí vai um link para lerem sobre ativação imune em controladores de elite.
    http://www.natap.org/2013/CROI/croi_176.htm

    ResponderExcluir
  4. Uma possibilidade de tratamento poderia ser:AZT+3TC+ATZ/r?Ha´informação se o mesmo é dislipidêmico ou não?Risco cv aumentado fica claro,pela hipertensão, IAM prévio...Penso também em algum comprometimento renal.Uma função renal e uma urina I poderiam ajudar.

    ResponderExcluir
  5. Não acho que AZT seja a melhor escolha para este paciente. Eu faria TDF + 3TC + FPV/r (1400/100) ou ATV/r.

    ResponderExcluir
  6. Só hoje vi que havia uma pergunta de um paciente neste caso. Infelizmente não vou poder responder. Este blog destina-se apenas a discussão de casos clínicos entre médicos. Não seria ético eu responder sobre um caso em particular sem ter examinado o paciente. Como você me perguntou sobre risco de transmissão sexual, só o que posso te dizer é que ela é tanto menor quanto menor a carga viral, mas que nunca pode ser descartada em relações sexuais sem uso de preservartivos. Tenho certeza que o médico da sua companheira poderá te orienta bem quanto a forma segura de se relacionarem. Desculpa não poder ajudar mais, mas o objetivo do nosso blog é discussão de casos entre profissionais da área de saúde.

    ResponderExcluir
  7. olá, gostaria de tirar uma duvida

    ResponderExcluir