Dividindo as dúvidas e os conhecimentos

Novidades no blog
Como não só médicos, mas outros profissionais de saúde estão envolvidos no tratamento dos pacientes portadores de HIV/AIDS, formalmente estão sendo convidados a participar das discussões, enviar casos e dúvidas. Para enviar um caso ou uma dúvida, clique no final de um caso, em comentário, mesmo que não seja diretamente relacionado a ele. Será visto pela adminstradora do blog e será publicado. Se não tiver uma identidade das listadas, publique como anônimo.

Ao publicar este blog minha intenção é criar uma rede de médicos que, por meio da discussão de casos clínicos, possam atender ainda melhor seus pacientes. As dúvidas também podem ser transformadas em situações hipotéticas sobre as quais poderemos debater. Todos os interessados são bem vindos.

30/05/10 Alteração nas postagens:
Ao criar o novo nome para o nosso blog, tive que passar todos os comentários do antigo para cá e por vezes errei, colei 2 vezes ou em lugar errado e tive que apagar. É por isso que está aparecendo que algumas postagens foram excluídas por mim. Pior: não consegui copiar os seguidores para este blog.
Desculpa, mas sou uma blogueira iniciante e errante.
Tânia

GRUPO, PODE HAVER UMA INCOMPATIBILIDADE DO BLOGGER COM INTERNET EXPLORER. CASO VOCÊ TENHA PROBLEMA PODE INSTALAR O FIREFOX OU O GOOGLE CHROME. LIMKS PARA INSTALAÇÃO: http://br.mozdev.org/download/ www.google.com/chrome/eula.html?hl=pt-BR

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Caso 50- masc, 19 anos, transmissão vertical, baixa adesão, tropismo R5

Motivo da discussão:

1- Vale a pena iniciar Maraviroc antes que esse tropismo reverta ? Apesar de estar com CV indetectável ?
2- Em caso positivo, o que pode ser retirado desse esquema ? Substituir DRV/r por LPV/R, pensando em melhorar a aderência com o Ritonavir co-formulado (que é a medicação que ele mais reclama)? 
Retirar o TDF + 3TC ?


Caso:
Masculino, 19 anos, transmissão vertical do HIV, veio transferido para a atual unidade em 2008 para tentar inclusão em protocolo de pesquisa, porém não foi possível.

Histórico do uso de TARV:

  • AZT+DDI de 01/96 a 04/97
  • AZT+DDI+Rito de 04/97 a 09/97
  • D4T+3TC+RTV de 09/97 a 12/97
  • D4T+3TC+NFV de 12/97 a 01/99
  • AZT+DDI+NFV+EFV de 01/99 a 08/99
  • D4T+EFV+Amprena/r de 08/99 a 11/02
  • Biovir+LPV/r de 11/02 a 07/06
  • TDF+3TC+SQV/r+T20 de 07/06 a 10/08
  • Biovir+LPV/r de 10/08 até 01/11
  • TDF+3TC+DRV/r+Raltegravir+Etravirina desde 01/11 --> Atual esquema
Tem história de má adesão durante toda a vida, porém agora está bem aderente e com CV<50 com o atual esquema. Não tem família e mora num abrigo da igreja evangélica.
Exames básicos de rotina sem grandes alterações.

Fez 2 genotipagens:

03/04/06: 
  • Transcriptase: 41L, 44D, 67N, 70R, 74I, 75T, 184V, 20BY, 210W, 215Y, 219Q, 98G, 103N e 179I.
  • Protease: 10F, 20R, 32I, 33F, 34Q, 35D, 36I, 43T, 46I, 47V, 43F/Y, 54L, 62V, 63P/S, 71V, 74P, 84V E 90M.
Na época foi iniciado esquema contendo T20, porém o paciente não tolerou e fez uso irregular.
16/08/10: 
  • Transcriptase: 41L, 44D, 62V, 67N, 70R, 75T, 98G, 103N, 184V, 208Y, 215Y, 219Q.
  • Protease: 10F, 11L, 13V, 19I, 20R, 32I, 33F, 34Q, 36I, 43T, 46I, 47V, 54L, 62V, 63P, 71V, 84V, 90M
Esquema trocado para o atual em uso.
Tteste de tropismo em 23/05/11, que demonstrou vírus R5 (!).

10 comentários:

  1. Olá todos:
    Interpretação das gentipagens pelo Algoritmo Brasileiro e Stanford.
    Elevado grau de resitência a todos os ITRN, EFV e NVP
    obs: o Alg. Brasileiro coloca como resistência intermediária o TDF e a combinação TDF+3TC, mas ele tem e TAM que comprometem muito a atividade do TDF 41L,210W, 215Y,e mais outras como a 67N, 70R, além da 44D e 75T que tem um peso menor. Mesmo tendo 184V, acho que esta combinação tem uma chance mínima de estar agindo, já que, pelo menos, há efeito residual.

    ETV- susceptível- peso DUET 1 (98G)

    Elevado grau de resistência a atodos os IP.Tem sete mutações para DRV:
    maior peso:32I,47V, 54L, 84V
    menor peso: 10F, 33F, 74P

    ResponderExcluir
  2. Complementando o que a Tania disse, os IP estão muito comprometidos, mas acho que precisa ter IP e manteria DRV/r. Se o problema do paciente está sendo o excesso de remédios, retiraria, por enquanto, pra observar, TDF/3TC ou pelo menos o TDF. Iria avaliando com calma essa retirada inicial e as possíveis mudanças posteriores.

    ResponderExcluir
  3. Bom dia:
    Não é fácil decidir sobre este caso. Vou fazer algumas ponderações que, talvez, ajudem na decisão do médico assistente:
    1- Se está indetectável é muito provável que mantenha a atividade da ETV e do RAL, razão pela qual, em minha opinião, devem ser mantidas no esquema.
    2- Para manter o uso da ETV será necessário manter o IP/r- veja consenso brasileiro
    ..." deverá fazer parte do esquema o melhor inibidor da protease potencializado pelo ritonavir (IP/r), mesmo havendo resistência plena (R) a toda classe de IP; nesse contexto, o “melhor IP/r” é definido pelo perfil de mutações demonstrado pelo teste de genotipagem, escolhido entre lopinavir/r e darunavir/r, em razão do perfil de interações farmacológicas.”.

    O DRV é o IP de maior barreira genética disponível e o mais estudado em associação com ETV. Lembro que nos estudos o DRV estava ativo, o que não é a condição do paciente. Estudo farmacocinético feito com a associação ETV/LPV/r mostrou que:
    -LPV: ↓ Cmin 20%; ↓ AUC 13%
    -ETV: ↑ Cmin 45%; ↑ AUC 35%
    Não parece haver necessidade de ajuste de dose. Não há estudos clínicos.
    Este trabalho está acessível em http://hivinsite.ucsf.edu/insite?page=md-rr-31
    Considerando que o LPV aumenta a Cmin da ETV em 45%, talvez esta associação não fosse uma má opção, dentro de um contexto que a adesão poderá ser comprometida pelo desconforto que o uso das cápsulas de RTV causa ao paciente.
    É preciso ressaltar que com DRV/r, a Cmin da ETV ↓ 49% e a AUC ↓ 37%. Não há estudos farmacocinéticos com 200 mg ETV+DRV/r e não se sabe, com certeza, se ajustes de doses de ETV seriam necessários, porém, estudos clínicos regimes contendo ETV + DRV/r foram mais efetivos que aqueles com DRV/r sem ETV (estudos DUET.

    Se fosse meu paciente e houvesse qualquer chance eu, sem dúvida, indicaria o uso do maraviroque. Ele está sendo tratado com um esquema, basicamente com duas drogas ativas, ambas com baixa barreira genética, o RAL e a ETV. É alta a chance de falha. A ETV reduz a AUC e a Cmax do MVQ em 53 e 60%, respectivamente. ETV com DRV/r aumenta a AUC e a Cmax do MVQ em 210 e 77%, respectivamente. O MVQ não tem nenhum efeito significativo sobre a farmacocinética da ETV, o DRV ou o RTV. Quando a ETV é administrada com IP/r, a dose recomendada de MVQ é de 150mg 2 x dia. Se a ETV for administrada sem IP/r. a dose de MVQ passa a ser 600 mg 2 x dia, não havendo necessidade de ajuste de dose da ETV.

    Como usou T20 de forma irregular em associação com outros ARV de atividade já comprometida, é muito provável que tenha desenvolvido resistência. Deste modo, além do problema de adesão, não vejo nenhum benefício de acrescentar T20, a não ser sobre uma condição: não conseguir outra droga ativa, reintroduzir o T20 e depois de 30 dias genotipar para T20 e ver se tem ou não mutações de resistência a ele. Mesmo assim a adesão teria que ser muito trabalhada antes de uma empreitada destas.

    Quanto ao TDF+3TC, eu deixaria até conseguir o maraviroque e depois tiraria o TDF e acho que deixaria o 3TC já que há algum efeito residual, a presença da M184V reduz o finess viral e este paciente não tem nenhum IP que garanta a menor probabilidade de falha do RAL.

    ResponderExcluir
  4. Ratificando o que disse, eu não mexeria em nada se não tivesse outra droga ativa. ITRN pode ter alguma ação residual.

    ResponderExcluir
  5. Ola Tania!
    Desculpe-me pela demora para responder.
    Estou voltando de férias.
    Bom, sobre a interação de RAL com FPV, como estava em seu e-mail, não temos nada constante na bula.
    Questionei o pessoal da Global e a resposta foi que a interação foi descrita, como você havia mencionado, com uma redução no Cmin e na AUC de ambas as drogas.
    Em relação às recomendações de prescrição de RAL, nada muda, uma vez que o IC 95 do RAL está muito acima na curva, mesmo quando existe uma redução nos níveis séricos por esta interação.
    Assim, pelo menos para Raltegravir, não há contraindicação e nem é necessário o ajuste de dose caso RAL seja coadministrado com FPV/r.
    Espero ter ajudado.
    Um abraço,
    Felipe Rogatto

    ResponderExcluir
  6. Notícias do caso: o paciente decidiu fazer a pesquisa de HLAB*5701. Se der negativo, ficará com ABC + 3TC + FPV/r, e, assim, poderá poupar o Ral e o DRV para o futuro. Casa seja positivo, ainda não está decidido qual será o esquema, mas a tendência é para RAL + 3TC + FPV/r 1400/100.

    ResponderExcluir
  7. Obrigado Tania e Marcia ! Essa semana ele vai dar entrada no pedido para conseguir o Maraviroque na justiça, acho que vou deixar o Darunavir mesmo por essa questão farmacocinética e talvez suspensa o TDF.
    Flavio

    ResponderExcluir
  8. Flavio: quero deixar bem claro que eu não mexeria no atual esquema antes de ter o maraviroque na mão.

    ResponderExcluir
  9. Eu também nao alteraria nada.

    Márcia Rachid

    ResponderExcluir