Dividindo as dúvidas e os conhecimentos

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Como não só médicos, mas outros profissionais de saúde estão envolvidos no tratamento dos pacientes portadores de HIV/AIDS, formalmente estão sendo convidados a participar das discussões, enviar casos e dúvidas. Para enviar um caso ou uma dúvida, clique no final de um caso, em comentário, mesmo que não seja diretamente relacionado a ele. Será visto pela adminstradora do blog e será publicado. Se não tiver uma identidade das listadas, publique como anônimo.

Ao publicar este blog minha intenção é criar uma rede de médicos que, por meio da discussão de casos clínicos, possam atender ainda melhor seus pacientes. As dúvidas também podem ser transformadas em situações hipotéticas sobre as quais poderemos debater. Todos os interessados são bem vindos.

30/05/10 Alteração nas postagens:
Ao criar o novo nome para o nosso blog, tive que passar todos os comentários do antigo para cá e por vezes errei, colei 2 vezes ou em lugar errado e tive que apagar. É por isso que está aparecendo que algumas postagens foram excluídas por mim. Pior: não consegui copiar os seguidores para este blog.
Desculpa, mas sou uma blogueira iniciante e errante.
Tânia

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sábado, 15 de janeiro de 2011

Caso 24- Masculino, 40 anos, falha terapêutica

Motivo da discussão:

1- Montar um esquema ARV de resgate.
2- Discutir causas de falhas terapêuticas.


Caso:
Masc, 40 anos, diagnóstico de infecção pelo HIV em 1996.
Início de TARV em 1999 - AZT + ddI
Até 2003 mantendo CV detectada;

2003 - AZT/3TC/EFZ
De 2003 a 2004 manteve CV detectável e intolerência;
2004- Trocou EFZ por nevirapina que tomou cerca de 1 ano (até 2005).
2005 a niv/2008- Iniciou AZT/3TC/LPVr
Somente em fev/2008 teve uma CV indetectável.
Em out/2008 com CV de 9801 cópias/ml, iniciou AZT/3TC/TDF/DRV/r/T20 e não respondeu (CV em agosto de 2010 de 8099 cópias/ml).

GENOTIPAGEM em 18/10/10 (em uso de AZT + 3TC + TDF + DRV/r+T20

TR-41L, 67N, 69D, 75M, 118I, 184V, 210W, 215Y
Protease- 10F, 15V, 24I, 32I, 33F, 34Q, 36L, 46I, 47V, 50V, 58E, 62V, 63P, 82A, 89M
Sem mutações para ITRNN

6 comentários:

  1. Antes de qualquer comentário gostaria de saber qual o CD4 do paciente no momento da falha e se ainda permanece com o mesmo esquema terapêutico visto estarmos em Janeiro e a Geno ser de Outubro 2010.
    Tânia

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  2. Pelo Algoritmo do MS:

    S a EFV,NVP e ETV, porém tem muito tempo sem usar ITRNN né ? Pode ter mutações "escondidas"
    I a DRV/R e TPV/R

    Acho que a única opção nesse caso seria fazer Raltegravir e rezar para ter uma Etravirina sensível. Maraviroc é uma opção caso consiga o mandado judicial. Mas acho que antes de tudo deve ser trabalhada a adesão do paciente, em um pouco mais de 10 anos ele perdeu quase todas as drogas de quase todas as classes !

    Acho que faria TDF+3TC(para baixar o fitness)+RTV+ETV

    Flavio

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  3. CD4 120
    O caso chegou para parecer recentemente.

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  4. Vamos por partes:

    A meu ver, houve falha na adesão, pelo menos ao último esquema. Como o paciente tem 120 linfócitos CD4/mm³, não dá nem para fazer um esquema simplificado e aguardar novas drogas. Além disso, deixar com DRV/r, em falha virológica, é queimar um cartucho importantíssimo.

    Algoritmo de interpretação MS (http://forrest.ime.usp.br:3001/resistencia):
    ITR
    R- 3TC, ABC, AZT, AZT+3TC, d4T, DDI, TDF
    Intermediária- TDF+3TC
    S- EFV, NVP, ETV
    IP
    R- ATV, ATV/r, FPV, IDV, IDV/r, LPV/r, NFV, RTV, SQV, SQV/r
    Intermediário- DRV/r, TPV/r
    A interpretação pelo Algoritmo da Stanford (http://sierra2.stanford.edu/sierra/servlet/JSierra?action=mutationsInput é a mesma.

    Maraviroque:
    Não tenho a menor dúvida que este paciente deveria fazer teste de tropismo e que, no caso de ser R5, maraviroque deveria ser uma das drogas a compor o esquema. Teria que contar com muita sorte já que a falta da droga no Programa Nacional o deixará a mercê da justiça que costuma ser morosa.

    ITRNN:
    Não dá para considerar a sensibilidade aos ITRNN como verdadeira já que há falha passada com EFV e NVP. Aliás, quando trocou EFV por NVP a falha já estava lá. Esta troca só serviu para aumentar a chance de acumular mais mutações.

    Vamos recordar a interpretação de resistência a ETV:
    Mantém atividade contra mutantes K103N.
    Sua atividade varia de acordo com o número de mutações.
    Tem barreira genética maior que os outros ITRNN.
    Em presença de Y181C, a FC é >10.
    Quanto maior o número de mutações menor a resposta.
    Score de interpretação:

    Mutações com maior peso na resistênciax atividade
    0 - 2- reposta máxima;
    2,5 - 3,5- intermediária;
    =>4 - mínima.
    3 pontos: Y181I/V
    2,5 pontos: L100I, K101P, Y181C, M230L
    1,5 pontos: V106I, E138A, V179F, G190S
    1 ponto: V90I, A98G, K101E/H, V179T/D, V190A

    Mutações de resistência selecionadas por EFV: K103N, L100I, Y188L, G190A, K101E no subtipo B
    Mutações selecionadas pela NVP: Y181C, K103N, G190A, K101E e A98G.

    Os estudos DUET 1 e 2 demonstraram claramente que a etravirina pode contribuir para a supressão virológica pacs multiexperimentados com falha a ITRNN de primeira geração.
    • Os resultados da semana 48 mostraram que uma quantidade significativamente maior de pacientes atingiu CV<50 cp/ml com ETV que com placebo, tanto em combinação com DRV/r, ITRN com ou sem T20.

    Vamos ver como é que está para DRV:
    Mutações que conferem resistência a DRV: 11I, 32I, 33F, 47V, 50V, 54L/M, 73S, 74P, 76V, 84V, 89V
    • Mutações do paciente: 10F, 15V, 24I, 32I, 33F, 34Q, 36L, 46I, 47V, 50V, 58E, 62V, 63P, 82A, 89M.

    4 mutações principais para DRV, por isso atividade intermediária. Deveria ser mantido no esquema de resgate.

    T20:
    Será que usou o T20? É estranho porque TDF + 3TC intermediário, DRV intermediário (mas com apenas 4 mutações) e T20, deveria ter ficado com CV indetectável, pelo menos por um tempo. Se tiver usado T20 eu só voltaria a usá-lo no resgate se tivesse como fazer genotipagem para T20. Eu já tive um paciente que após um ano de monoterapia funcional com T20, fez genotipagem para T20 e não tinha mutação de resistência. A droga pode ser utilizada no esquema subseqüente.

    TDF+3TC:
    Atividade intermediária- deixaria no esquema.

    Este seria um ótimo caso para fenotipagem virtual.
    Tânia

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  5. Esqueci de colocar o Raltegravir que, obviamente seria uma das drogas do resgate.

    Minhas propostas de resgate:
    Se fosse X4 -TDF + 3TC + ETV + DRV/r + RAL
    Se fosse R5 - TDF + 3TC + MVC + DRV/r + RAL

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  6. Concordo com as opçōes dos esquemas propostos.
    O teste de tropismo deve ser realizado. Se o virus for R5, vc pode contar com a atividade plena da droga. A outra droga totalmente ativa é o Raltegravir.
    Caso o teste de tropismo nao seja favoravel ( virus X4 ) tem q se lançar māo da Etravirina q tem atividade residual e pode funcionar mesmo nos casos em q as possíveis mutaçōes para nāo análogos nāo aparecem e está indicada no caso de nāo se ter pelo menos 2 drogas plenamente ativas.
    Entretanto, antes de ser iniciar o esquema de resgate é imprescindível identificar e solucionar problemas de adesāo. O paciente apresentou falha virológica na vigência de esquemas potencialmente eficazes à época em que foram introduzidos.
    É isso...

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